segunda-feira, 17 de maio de 2010

Beldades de alto nível


Na passada sexta-feira passada, entretinha o meu tempo entre a casa e o trabalho a ler alguns jornais de distribuição gratuita, quando tropecei na secção ‘Relax’ do ‘Global’. Duas páginas de anúncios cor-de-rosa pequeninos (227 contadinhos), ilustrados com fotos de mamas e bundas generosas, sublinhadas aqui e ali com vestígios de roupa íntima de gosto algo duvidoso (no meu entender, claro está!).

Cansada das notícias sobre a crise e sobre a visita do Papa ocorreu-me, pois, dar uma vista de olhos mais atenta à evolução do mercado sexual português. Afinal sou uma ‘amadora’ nestas questões e, se quero estar a par das últimas tendências, devo acompanhar de perto o trabalho das ‘profissionais’ do ramo.

Um anúncio, em particular, despertou a minha atenção: - “Sr. Executivo, venho por este meio informar estarmos disponíveis p/ 1 convívio c/ maior discrição. Aguardamos retorno.”

Mas o que é isto? Um requerimento? Fiquei confusa, afinal o texto indicia uma alfabetização mais sofisticada que a 4ª classe. Decidi investigar mais profundamente o caso. Li e reli todos os anúncios e inventariei os atributos mais cotados nesta bolsa de valores femininos.

À primeira vista nada tinha mudado, mantendo-se a procura ávida de louras esculturais, com peitos XXL e bumbuns gulosos. Sexys, atrevidas, desinibidas, ardentes na cama, com perfeito conhecimento de todas as letras e números da cartilha sexual (O. gulosos, A. profundos, 69 escaldantes).

Contudo, toda uma nova gama de sofisticados predicados emerge, dominando a oferta. As ‘bonecas’ louras, peitudas e rabudas, agora também são elegantes, charmosas e cultas, têm formação universitária, dominam línguas estrangeiras, fazem massagens de índole terapêutica e erótica e, pasme-se, são ainda muito meigas, doces, pacientes e carinhosas. Enfim, são, como se diz na ‘gíria profissional’, ‘completíssimas’, amantes, amigas, companheiras, ou seja, umas senhoras, verdadeiras ‘damas na mesa e na cama’.

Mas, então, para que é que servem as putas? Para pinar ou para levar ao almoço de Natal da empresa? Então não era apenas sexo, sem significado? Temo que andemos a ser enganadas em mais do que um sentido. É que para comentar as notícias do dia, ouvir desabafos, trocar beijos e ser muito compreensiva e meiga na cama qualquer namorada ou esposa serve. E só não é loura e mamalhuda quem não quiser (o que mais há por aí é tinta e silicone).

Que concluir, então, sobre os homens que, tendo o produto legítimo em casa e de borla, fazem questão de pagar a estranhas para, além dos orgasmos, fingirem amor e romance?

Que são uns rematados imbecis, tão ridículos e patéticos que não sei se me ria ou se chore.

Cobra Cuscavel

2 comentários:

  1. Caríssima Cobra Cuscavel, salve! Acho é que um tal super pacote deve ser bem complicado de conseguir, seja no lote das legítimas ou das ilegítimas/profissionais e, por que não acrescentar, democraticamente, dos! Gostei muito do texto, muitíssimo angelical, que pode ser até, na sua inocência singela, um bom mote para cada vez nos "profissionalizarmos" (tripliquem-se as aspas pf) melhor no que mais importa!E esta hein?

    Meditabunda

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  2. Ó Cobra Cuscavel, só mesmo tu para ires a contar os anúncios das pessoas bem intencionadas que a troco de uns euros se predispõem a dar cama e carinho.Sabes o que eu acho? Ainda há gente boa neste mundo.

    Não obstante serem só 227, podem fazer felizes um montão de desesperados. Muito trabalhinho têm aquelas moças.

    Que se mantenham por muitos e longos anos, ainda que tanto o bumbum como as mamas vão caindo na proporção directa dos anos e do uso.

    Avalanche

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